Por... Sergio Sebold
No modelo da Segunda Onda de Alvim Toffler, onde chamou de sociedade da chaminíé, uma injeí§í£o de capital ou aumento do poder aquisitivo dos consumidores podia estimular a economia e gerar mais empregos. Apenas como referencia, se há 100 mil desempregados, atravíés de decisíµes (investimento ou mesmo consumo) poderia se estimular a economia para gerar 100 mil novos empregos. As funí§íµes neste modelo sí£o intercambiáveis ou exigiam poucas qualificaí§íµes que podiam ser aprendidas em poucas horas. Qualquer operário desempregado podia desempenhar quase todas as funí§íµes.
Na economia supersimbólica de hoje isso ní£o íé mais possível – razí£o pelo qual grande parte do problema do desemprego parece ní£o ter soluí§í£o, nem os tradicionais remíédios keynesiano ou monetaristas dí£o resultados satisfatórios. Para combater a Grande Depressí£o, John Maynar Keynes, como nos recordamos sugeriu ao governo americano deficitário, que pusesse dinheiro no bolso dos consumidores. Com os bolsos forrados, os compradores passariam a comprar coisas e servií§os. Por sua vez, isso levaria os industriais expandir suas fábricas e admitirem mais trabalhadores. Adeus desemprego. A tese monetarista, ao contrário, receitou a manipulaí§í£o das taxas de juros ou, aumentar ou diminuir o suprimento do dinheiro a fim de atender as necessidades de liquidez da economia.
Na economia global de hoje, a iniciativa americana de bombear dinheiro para o bolso do consumidor pode se revelar um desastre, simplesmente ser desviado para o exterior, em prejuízo da economia interna. Um americano quando compra uma televisí£o ou outro equipamento oriundo da ísia, está apenas remetendo dólares para o Japí£o, Coríéia ou mesmo a Malásia. A compra neste caso ní£o contribui em nada para aumentar o número de empregos no seu mercado interno.
Esta medida se concentra na simples circulaí§í£o do dinheiro, quando o verdadeiro problema está na circulaí§í£o de conhecimento, registros escriturais, que sí£o entes abstratos. Ní£o íé mais possível, portanto, reduzir o desemprego simplesmente aumentando o número de empregos, pois o problema ní£o se limita mais a uma questí£o de números. O desemprego deixou de ser quantitativo para ser qualitativo. Os desempregados precisam desesperadamente de dinheiro para assegurar a sua sobrevivíªncia e de suas famílias, onde íé necessário e justo proporciona-lhes atendimento da assistíªncia pública pelo auxilio desemprego. Mas qualquer estratíégia eficaz para reduzir o desemprego em uma economia supersimbólica depende menos de alocaí§í£o de recursos e mais alocaí§í£o de conhecimentos.
Na economia do conhecimento íé imprescindível preparar pessoas, atravíés da escola, do aprendizado e do treinamento no emprego, para atuarem tambíém em outras áreas, como a prestaí§í£o de servií§os assistenciais – por exemplo, da populaí§í£o idosa em rápido crescimento, pelas crianí§as, servií§os de saúde, seguraní§a pessoal, lazer e recreaí§í£o, turismo e assim por diante.
O consenso de Washington em 1989 com a cartilha neoliberal procurou impor um modelo monetarista, para todas as naí§íµes. Em outros termos seria o início da desregulaí§í£o dos meios financeiros dando mais liberdade de atuaí§í£o, consubstanciado no conceito da economia clássica, onde o mercado ajusta automaticamente as necessidades da sociedade. Em 2008 com a primeira crise, viu-se que nada funcionou, e novamente saíram todo mundo correndo como baratas tontas atrás dos governos para que os salvassem. Logo o velho remíédio keynesiano que o estado deveria ter sua atuaí§í£o forte na economia voltou a ser aplicado. Entretanto as causas sí£o mais profundas: sí£o os díéficits monumentais que varrem todas as naí§íµes do mundo. Ní£o dá mais para “barrigar†esta conta perpetuamente para o futuro.
- Sergio Sebold – Economista e Professor de Pós-Graduaí§í£o do ICPG/UNIASSELVI –