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Autor Tema: Tudo comeí§ou na Gríécia e tudo acabará na Gríécia?...  (Leído 217 veces)

OCIN

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Por...  Leonardo Boff


Nossa civilizaí§í£o ocidental hoje mundializada tem sua origem histórica na Gríécia do síéculo VI antes de nossa era. Ruira o mundo do mito e da religií£o que era o eixo organizador da sociedade. Para pí´r ordem í quele momento crí­tico fez-se, num lapso de pouco mais de 50 anos, uma das maiores criaí§íµes intelectuais da humanidade. Surgiu a era da razí£o critica que se expressou pela filosofia, pela polí­tica, pela democracia, pelo teatro, pela poesia e pela estíética. Figuras exponenciais foram Sócrates, Platí£o, Aristóteles e os sofistas que gestaram a arquitetí´nica do saber, subjacente ao nosso paradigma civilizacional: foi Píéricles como governante í  frente da democracia; foi Fí­dias da estíética elegante; foram os grandes autores das tragíédias como Sófocles, Eurí­pides e í‰squilo; foram os jogos olí­mpicos e outras manifestaí§íµes culturais que ní£o cabe aqui referir.
 
Esse paradigma se caracteriza pelo predomí­nio da razí£o que deixou para trás a percepí§í£o do Todo, o sentido da unidade da realidade que caracterizava os pensadores chamados príé-socráticos, os portadores do pensamento originário. Agora se introduzem os famosos dualismos: mundo-Deus, homem-natureza, razí£o-sensibilidade, teoria-prática. A razí£o criou a metafí­sica que na compreensí£o de Heidegger faz de tudo objeto e se instaura como instí¢ncia de poder sobre este objeto. O ser humano deixa de se sentir parte da natureza para se confrontar com ela e submetíª-la ao projeto de sua vontade.
 
Este paradigma ganhou sua expressí£o acabada mil anos depois, no síéculo XVI, com os fundadores do paradigma moderno, Descartes, Newton, Bacon e outros. Com eles se consagrou a cosmovisí£o mecanicista e dualista: a natureza de um lado e o ser humano de outro de frente e encima dela como seu “mestre e dono”(Descartes) e coroa da criaí§í£o em funí§í£o do qual tudo existe. Elaborou-se o ideal do progresso ilimitado que supíµe a dominaí§í£o da natureza, no pressuposto de que esse progresso poderia caminhar infinitamente na direí§í£o do futuro. Nos últimos decíªnios a cobií§a de acumular transformou tudo em mercadoria a ser negociada e consumida. Esquecemos que os bens e servií§os da natureza sí£o para todos e ní£o podem ser apropriados apenas por alguns.
 
Depois de quatro síéculos de vigíªncia desta metafí­sica, quer dizer, deste modo de ser e de ver, verificamos que a natureza teve que pagar um preí§o alto para custear esse modelo de crescimento/desenvolvimento. Agora tocamos nos limites de sua possibilidades. A civilizaí§í£o tíécnico-cientí­fica chegou a um ponto em que ela pode por fim a si mesma, degradar profundamente a natureza, eliminar grande parte do sistema-vida e, eventualmente, erradicar a espíécie humana. Seria a realizaí§í£o de um armgedon ecológico-social.
 
Tudo comeí§ou há milíªnios na Gríécia. E agora parece terminar na Gríécia, uma das primeiras vitimas do horror econí´mico, cujos banqueiros, para salvar seus ganhos, laní§aram toda uma sociedade no desespero. Chegou í  Irlanda, a Portugal, í  Itália, podendo-se se estender í  Espanha e í  Franí§a e, quií§á, a todo o sistema mundial.
 
Estamos assistindo a agonia de um paradigma milenar que está, parece, encerrando sua trajetória histórica. Pode demorar ainda dezenas de anos, como um moribundo que resiste, mas o fim íé previsí­vel. Com seus recursos internos ní£o tem condií§íµes de se reproduzir.
 
Temos que encontrar outro tipo de relaí§í£o para com a natureza, outra forma de produzir e de consumir, desenvolvendo um sentido geral de interdependíªncia face í   comunidade de vida e de responsabilidade coletiva pelo nosso futuro comum. A ní£o encetarmos esta conversí£o, ditaremos para nós mesmos o veredito de desaparecimento. Ou nos  transformamos ou desapareceremos.
 
Faí§o minhas as palavras de Celso Furtado, economista-pensador:”Os homens de minha geraí§í£o demonstraram que está ao alcance do engenho humano conduzir a humanidade ao suicí­dio. Espero que a nova geraí§í£o comprove que tambíém está ao alcance do homem abrir caminho de acesso a um mundo em que prevaleí§am a compaixí£o, a felicidade, a beleza e a solidariedade”. Mas í  condií§í£o de mudarmos de paradigma.
 
- Leonardo Boff íé Teólogo/Filósofo


•... “Todo el mundo quiere lo máximo, yo quiero lo mínimo, poder correr todos los días”...
 Pero nunca te saltes tus reglas. Nunca pierdas la disciplina. Nunca dejes ni tus operaciones, ni tu destino, ni las decisiones importantes de tu vida al azar, a la mera casualidad...